terça-feira, 2 de junho de 2015

Popó avisa: "Dinheiro não entra no ringue"



Exatos três anos se passaram. No dia 2 de junho de 2012, Michael Oliveira subia ao ringue para o maior desafio da sua carreira. Aos 22 anos, tinha pela frente Acelino "Popó" Freitas, tetracampeão mundial que retornava da aposentadoria. Era o encontro de futuro e passado do boxe brasileiro. Popó levou a melhor. Venceu por nocaute técnico no 10º round. A perda da invencibilidade doeu, mas a vida de Michael Oliveira seguiu. Vieram novas vitórias, uma derrota e um grande susto. Em novembro de 2013, além do revés para Norberto Gonzalez, Michael descobriu um coágulo no cérebro. Foi internado e conviveu com o problema de saúde por oito meses. 
A cura o trará de volta aos ringues. Justamente diante de Popó. A revanche está acertada verbalmente e deve acontecer no dia 18 de julho, em Santos (os dois ainda precisam assinar o contrato). Para Michael, é a chance de reescrever sua história, provar para si mesmo que está pronto para os próximos passos e também de se aproximar do torcedor brasileiro. O boxeador quer carinho. Mas também quer mais que isso. Deseja ser respeitado pelo que faz e não criticado pela vida que leva fora do boxe. Radicado em Miami e filho de um empresário bem sucedido nos Estados Unidos, Michael sabe que seu estilo de vida e suas fotos nas redes sociais, exibindo carros e luxo, incomoda. Mas não vai mudar. 
Popó x Michael Oliveira boxe pesagem (Foto: Reprodução/Facebook)Michael Oliveira e Popó em 2012, em luta no Uruguai (Foto: Reprodução/Facebook)
Em conversa com oGloboEsporte.com por telefone, Michael preferiu não cair nas provocações de Popó, que retorna mais uma vez ao boxe, agora aos 39 anos. Depois de uma resposta ao baiano nas redes sociais, diz que agora só irá falar com as mãos, no ringue. Recuperado, ele garante que lutaria com Popó até no quintal do rival, em Salvador, e pede que a luta tenha todos os protocolos antidoping, não por duvidar de Popó, mas pela credibilidade do duelo.
- Alguns anos atrás eu falaria que iria partir ele no meio. Agora não. Que o melhor vença. Mas vou treinar para arrancar a cabeça dele - diz Michael.

Retorno aos ringues
"Estou treinando todos os dias, não estou treinando como se fosse para uma luta. Estou correndo, indo para a academia. Isso é a parte física. A parte técnica estou com meu treinador, estamos colocando foco, fazendo manopla. Ainda estamos negociando a data, mas pode ser que realmente seja dia 18 de julho. Eu fiquei fora quase um ano e seis meses. Perdi a luta para o Gonzalez, fui para o hospital. Estava me preparando para voltar, foi quando machuquei meu braço. E depois, com luta marcada, machuquei meu pé. Mas sempre continuei treinando".






Provocações de Popó
"Nós dois somos profissionais. E isso faz parte do nosso esporte. Ele vai falar a parte dele, vou falar a minha parte. Importante é o que vai acontecer no ringue. Alguns anos atrás eu falaria que iria partir ele no meio. Agora que o melhor vença. Mas vou treinar para arrancar a cabeça dele. Estou muito motivado. Estou saindo de uma derrota, preciso de uma vitória para apagar isso. E nada seria melhor que voltar e ganhar de um tetracampeão mundial".

Promessa para essa luta?
"Eu não quero falar muito, mas vamos fazer muito diferente. Na outra luta, esperávamos que a idade dele e ele estar fora do boxe um tempo iriam ajudar, mas desta vez não vamos fazer isso, a estratégia será diferente. Eu posso falar que vou nocautear ele no terceiro, no quinto, no sétimo round. Mas o nocaute você não procura, ele é construído. Promessa é dívida, e não cumprir é feio. Mas será uma luta que ninguém vai querer perder".

Michael Oliveira boxe (Foto: Divulgação)Michael Oliveira está confiante em vitória sobre Popó (Foto: Divulgação)
Luxo na rede social
"Sei que muitas pessoas não gostam de mim, dizem que sou playboy, que sou arrogante. Mas o dinheiro não vai entrar no ringue. Vou mostrar para todos que meu pai não comprou minha carreira. Sendo boxeador, temos que treinar, nos dedicar, e foi uma escolha minha representar o Brasil. Gostaria que os brasileiros me apoiassem, ao invés de jogar pedra. A mídia social é para mostrar o dia a dia de uma pessoa. Eu só mostro minha vida. Sinceramente, se qualquer outra pessoa tivesse o que eu tenho, faria a mesma coisa. É mais difícil para mim lutar boxe por não ter a necessidade. Mas faço porque eu amo, está no meu sangue. O que importa é no ringue".

Organização para a luta com Popó
"Vou querer juízes não só brasileiros e não só americanos. Queremos fazer essa luta bem profissional, bem igual. Quero exames de doping. Não precisa de exame surpresa. Não acho que ele esteja fazendo nada. Mas acho que temos que fazer um durante o treino, um na semana da luta e outro depois da luta. Até pela credibilidade do duelo, para mostrar ao povo que somos profissionais e não estamos roubando".

Durante a semana que passou, Michael provocou Popó com dólares e carro de luxo (Foto: Reprodução/Instagram)