domingo, 16 de março de 2014

Representante comercial é autuado em flagrante por injúria qualificada

 

 

O funcionário se sentiu discriminado e humilhado e acionou uma guarnição da PM se queixando de racismo.
 
 
Ney Silva/Acorda Cidade

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Ney Silva e Andrea Trindade

O representante comercial Nelson Renato Pacheco foi detido por policiais militares no posto de combustível Modelo, no cruzamento da Avenida Getúlio Vargas com a Rua Visconde do Rio Branco, centro de Feira de Santana, na tarde deste sábado (15). Ele discutiu com o frentista Paulo José Souza dos Santos, que o ofendeu com xingamentos. O funcionário se sentiu discriminado e humilhado e acionou uma guarnição da PM se queixando de racismo.

No Complexo de Delegacias, no bairro Sobradinho, Paulo José, acompanhado de testemunhas e de um representante do posto, explicou que a discussão com Nelson ocorreu após um acidente de trânsito na área do posto envolvendo o veículo da esposa do representante comercial e um caminhão.


“Fui prestar solidariedade a esposa de Nelson que parou o carro em um local indevido, na área do posto, e eu permiti. Ele começou a tirar fotos de tudo como se a gente tivesse alguma coisa a ver com a situação e eu estava em meu ambiente de trabalho. Depois ele colocou o carro na frente do setor de conveniências e eu pedi que ele retirasse o veículo gerando a discussão”, afirmou Paulo José.

O frentista explicou também que Nelson insistiu em deixar o veículo no local indevido e depois começou a agredi-lo verbalmente.  “Ele mandou eu me arrombar e disse que eu era um filho da puta preto. Me senti discriminado por ser negro e ainda ele xingou minha mãe”, afirmou o frentista.

A delegada Mônica Soares, que está de plantão na 2ª Delegacia disse que o caso envolvendo o representante Nelson Renato e o frentista Paulo José, não é  de racismo e sim injúria qualificada.  Ela explicou que racismo seria se houvesse algum tipo de impedimento do queixoso em um estabelecimento, em uma instituição de ensino ou algo semelhante, por causa da raça.

“Quando é uma ofensa e a pessoa menciona a cor da pele, como foi o caso ocorrido aqui, trata-se de uma injúria qualificada e o conduzido foi autuado em flagrante”, afirmou a delegada. Ela explicou que este é um crime afiançável e que a após o depoimento e o pagamento da fiança, que ela estabeleceu em um salário mínimo (R$ 724,00), e o representante seria liberado.

Por quase uma hora, Nelson Renato ficou detido na área de carceragem do Complexo de Delegacias e depois foi levado para uma sala onde prestou depoimento. Ele não quis gravar entrevista e ao se dirigir para a sala cobriu a cabeça com um blusão.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade