O Afoxé Filhos de Gandhy realiza nesta terça-feira, às 10h, missa comemorativa aos seus 65 anos. A celebração será realizada na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Largo do Pelourinho, e depois da celebração será oferecido um almoço para convidados, imprensa e contribuintes da Associação Cultural Recreativa e Carnavalesca Filhos de Gandhy, na sede do afoxé, no Centro Histórico.
Este ano, o Gandhy busca na essência da religião de matriz
africana inspiração para compor seu tema para o Carnaval de 2014: Gandhy
- Tradição, Religião, Fé e Respeito - Uma Reverência aos Templos dos
Orixás. Para Tio
Souza, um dos diretores do bloco, o objetivo primordial é aglutinar o
pensar de todas as regiões em torno de uma religião, que tem como
finalidade o equilíbrio entre o ser humano, o ambiente e as divindades
chamadas orixás do Candomblé, preservando e disseminando de forma oral e
visual, através da música e da dança. O bloco desfila domingo e
terça-feira, no circuito Osmar (Avenida/Campo Grande) e na segunda-feira
o cortejo desce para o circuito Dodô (Barra/Ondina).
Entre as novidades está a parceria com o Instituto Antônio Carlos Magalhães (ACM), onde crianças irão participar
de uma oficina de percussão e estarão no bloco, e a nova roupagem da
banda. “Mudou, mas sem deixar sua essência”, explica Souza,
acrescentando que, “somos uma nação que brilha na avenida e traz na sua
mensagem o jeito simples de desejar um Carnaval de paz para o mundo,
somos a nação que enche os olhos dos baianos, do povo brasileiro e dos
turistas com sua beleza simples de admirar, somos a nação que encanta
homens, mulheres, idosos e crianças. Um universo de pura beleza,
magicamente ilustrado no maior Carnaval do mundo, basicamente um orgulho
em fazer parte dessa grande família”.
Tudo começou no dia 18 de fevereiro de 1949, quando os estivadores do porto de Salvador, estavam sentados ao pé de uma mangueira perto da sede da entidade (Sindicato dos Estivadores), preocupados com a falta de trabalho nos portos e a política de arrocho salarial, gerada pela crise do pós-guerra. Inconformados com a impossibilidade de o bloco carnavalesco “Comendo Coentro” desfilar, Durval Marques da Silva, conhecido como “Vavá Madeira”, sugeriu a ideia de colocar um bloco na rua.
A sugestão foi logo aceita entre os vários colegas da estiva como
Hermes Agostinho dos Santos, o Soldado, Manoel José dos Santos,
Guarda-Sol, Almir Passos Fialho, o Mica, e muitos outros que
participaram da fundação do bloco Filhos de Gandhy. No primeiro dia,
saíram apenas 36 participantes apesar de ter mais de 100 inscritos. Para
evitar represálias, o fundador Almir Fia lho deu a ideia para mudar a
grafia do nome Gandi, inserindo as letras “dh” e trocou o “i” por “y”,
ficando Gandhy.
Desde a época de sua fundação até os dias atuais, o Afoxé, pioneiro
da paz e com estilo próprio não parou de crescer. A ideia de expansão
não agradou a todos porque apesar de ter sido fundado por estivadores, a
partir de 1951, o bloco passou a admitir trabalhadores de outras
classes. E, hoje, praticamente eles formam a minoria.
Marchinhas
O Filhos de Gandhy, nos primeiros anos, saiu cantando marchinhas até
se dedicar especialmente ao ijexá, (inclusive compondo suas próprias
canções). Enfrentou problemas nos anos de 1974 e 1975, quando não
desfilou no carnaval, um golpe muito duro para os sócios, após 25 anos
de desfile ininterruptos e marcados por glórias e vitórias.
um grande tapete humano |