O técnico de enfermagem, Rafael Andrade, procurou a nossa produção
para denunciar o caso da paciente Sônia Suely da Silva , 40 anos, que
foi diagnosticada com infarto, mas está há dias a espera do tratamento.
Segundo Andrade, a paciente foi atendida primeiro na Policlínica da Rua
Nova, em Feira de Santana, na quarta-feira (27/11), com um quadro de
pico hipertensivo e foi medicada e liberada. Voltou na unidade de
atendimento na sexta-feira (29), com os mesmos sintomas e, novamente,
foi medicada e liberada, mas passou mal, então, pela terceira vez,
voltou a mesma unidade de saúde, onde recebeu atendimento e a
orientação de procurar um cardiologista.
Na ultima quarta-feira (4), a paciente se dirigiu a policlínica do
bairro George Américo, onde foi submetida a um exame eletrocardiograma
e foi diagnosticada com infarto agudo do miocárdio (IAM).
A médica plantonista da ocasião, solicitou outros exames, entre eles, tropomina que
é um
exame muito utilizado no diagnóstico do IAM. Esta enzima é liberada no
sangue a partir de 2 a 8 horas após a lesão do mesmo. Ainda segundo o
técnico de enfermagem que fez a denúncia, o médico plantonista,
entretanto, avisou que os exames só seriam realizados na policlínica
do bairro Tomba, mas lá estaria em falta do reagente, que é substância
imprescindível para a realização dos procedimentos.
Contudo o Diretor da policlínica do Tomba,José Leal, diz que o
reagente não está em falta, segundo ele, o que ocorre é que a empresa
responsável pela instalação e manutenção dos equipamentos teve a
licitação vencida e, por lei, o órgão tem até dez dias para que a nova
empresa (vencedora da licitação) regularize o processo. “ Quero
ressaltar que durante esse período, os procedimentos continuaram
acontecendo no Hospital da Mulher e que até a próxima segunda-feira (9),
serão realizados aqui novamente. Não houve suspensão dos serviços,
inclusive, estamos adquirindo um equipamento novo”, explica .
Agravante
Em Feira de Santana existe apenas um Instituto de Cardiologia ,do
Hospital Dom Pedro de Alcântara, (INCARDIO) . O local é o único
habilitado para a realização de procedimentos que tratam IAM,sendo que,
há apenas um médico especialista (eletrofisiologista) para realizar o
cateterismo cardíaco ou Estudo Hemodinâmico
, que
é
um procedimento para examinar vasos sanguíneos e o interior
do coração. Entretanto, o especialista em questão, está fora da cidade
desde a ultima terça-feira (2) e só retornará na próxima segunda-feira
(9).
Segundo Sandra Perg, diretora administrativa do Incardio, o Dr. Fábio
Vieira, viajou para participar de um congresso e não há nenhum
substituto para ele, mas diz que há tempo para a realização do
cateterismo aconteça sem problemas quando ele voltar, desde que a
paciente esteja bem assistida.
De acordo com o especialista Wellington Araújo Costa, em artigo para
revista Brasileira de Cirurgia Cardivascular, os pacientes com IAM
constituem um grupo heterogêneo. “O prognóstico após o episódio depende
da função miocárdica residual, do risco de extensão do infarto ou
reinfarto e das medidas tomadas para revascularizar o tecido miocárdico
viável”, EXPLICA.
Ainda de acordo com Dr. Costa, a cirurgia de revascularização
miocárdica (CRVM) é frequentemente considerada como o método mais
confiável para salvar um miocárdio isquêmico, especialmente quando a
trombólise e/ou a angioplastia falham. Sabe-se que pacientes tratados
com terapêutica médica convencional tem mortalidade hospitalar elevada e
sobrevida a longo prazo.
“O tempo ideal para a revascularização cirúrgica após episódio de IAM permanece controverso”, alerta ele.
A paciente foi transferida para o Hospital Geral Clériston Andrade
(HGCA), na ultima quinta-feira (5) e permanece à espera dos
procedimentos. Familiares e amigos estão se manifestando nas redes
sociais , para cobrar uma posição mais enérgica dos órgãos competentes,
eles temem que Sônia Suely sofra sequelas graves e permanentes, ou até
venha a falecer, se não for submetida a tempo hábil, ao cateterismo