Informes da Presidente Dilma
A presidente Dilma acaba de anunciar uma mudança radical no curso de
Medicina no Brasil: a partir de 2015, serão oito anos de estudos, sendo
que nos dois últimos o estudante terá um aperfeiçoamento trabalhando
exclusivamente pelo SUS, em postos de saúde, hospitais e no SAMU.
Por um lado, a idéia é excelente, não só para a comunidade, mas também
para o futuro médico, porque essa prática pode lhe ser muito útil na
formação, vivenciando o serviço público de saúde (se bem que boa parte
dos médicos no Brasil já vivencia).
Por outro lado, a iniciativa da presidente pode ser apenas mais um
desperdício de dinheiro público, porque os médicos serão remunerados
como bolsistas, além de se criar para a população que depende do SUS uma
esperança de melhor atendimento que não será concretizada.
Isso porque hospitais públicos, postos de saúde e o SAMU terão que estar
bem estruturados para receber um grande leva de estudantes a partir de
2021. Do contrário, guardadas as devidas proporções, teremos médicos com
um aprendizado prático digno da qualidade das escolas públicas que
temos hoje.
Só para citar dois exemplos bem atuais e em dois
grandes centros: o Hospital das Clínicas, da Universidade Federal da
Bahia, em Salvador, e o Hospital Geral Clériston Andrade, que serve para
residentes do curso de Medicina da UEFS. Ambos estão em petição de
miséria. E não é por falta de médicos.
Edson Borgs