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Passar muito tempo olhando para a tela de seu smartphone ou tablet
durante a noite pode prejudicar o sono e, consequentemente, a sua saúde.
O alerta é do especialista Charles Czeisler, da Faculdade de Medicina
de Harvard, em um artigo publicado na edição desta quinta-feira (23) da
revista inglesa Nature.
O tipo de luz emitida por esses dispositivos, segundo Czeisler, é
especialmente prejudicial à indução natural do sono, associada aos
chamados ciclos circadianos. E em um mundo em que as pessoas já dormem
tradicionalmente pouco, e mal, isso pode ser um problema sério para a
saúde. Várias pesquisas publicadas nos últimos anos revelam uma forte
ligação entre privação de sono e a ocorrência de doenças como obesidade,
diabete, problemas cardiovasculares, enfraquecimento do sistema
imunológico e até câncer.
"O sono é essencial para a nossa saúde física e mental. Por isso, é
vital que aprendamos mais sobre o impacto do consumo de luz e outras
formas pelas quais nosso ?modo de vida 24 horas? afeta o sono, os ritmos
circadianos e a saúde", afirma Czeisler.
Exposição à luz - O "relógio biológico" do organismo é
naturalmente controlado pela exposição à luz. Quando a única fonte de
luz era o Sol, esse controle era simples: ou era dia ou era noite. Desde
que a luz elétrica foi inventada, porém, criou-se uma área cinzenta -
ou de penumbra - cada vez maior entre esses dois períodos, que desregula
toda a fisiologia do organismo associada aos estados de alerta e sono.
"A exposição à luminosidade no período da noite interfere na liberação
de melatonina, que é o hormônio que faz a gente ter vontade de dormir",
diz a neurologista Anna Karla Smith, do Instituto do Sono da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Segundo ela, há sensores na
retina dos olhos que, quando expostos à luz, bloqueiam a liberação do
hormônio.
"O resultado é que muita gente continua checando e-mails, fazendo lição
de casa ou vendo TV até tarde sem nem se dar conta de que já está no
meio da noite", diz Czeisler na Nature.