Orientação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária aos bancos
de sangue de todo o Brasil ainda gera dúvidas na população,
principalmente ao público LGBTS. A portaria vigente nos dias atuais
caracteriza como inaptos à doação de sangue, homens que tenham tido
relações sexuais com outros homens, no período mínimo de um ano. O
impedimento, que não é estendido para mulheres nas mesmas condições,
levanta discussões sobre as definições de grupos de riscos e de
comportamentos de risco.
O caso chamou a atenção do sambista Alberto Maraux, ao se dirigir ao
banco de sangue do Hospital Aliança, ao lado da esposa, para fazer a
doação a um parente. No panfleto informativo do hospital, a restrição e a
falta de informações sobre o assunto que gera polêmica já há alguns
anos, o colocou em dúvida sobre os motivos pelos quais gays do sexo
masculino não podem fazer a coleta.
“O que achei mais curioso é que apenas homens são proibidos de doar.
Acreditava que o impedimento só prevalecia quando o doador, independente
da sexualidade, tinha comportamento de risco, como ter muitos
parceiros, partilhar seringa ou não usar camisinha”, afirmou Alberto,
que também é jornalista e tem o hábito de doar sangue regularmente.
O Ministério da Saúde garante que a orientação é fundamentada na
maior probabilidade de contágio entre homens homossexuais do que entre
heterossexuais. Segundo o órgão, “a inaptidão (e, não, proibição) para
homens que fazem sexo com homens (HSH) é fundamentada em estudos
epidemiológicos que apontam que a epidemia de HIV/Aids ainda é
concentrada neste grupo”.