O
Riacho Salgado foi muito importante para a construção histórica da
cidade de Santo Estevão. “O riacho foi o berço da civilização do povo
santo-estevense”. Nele se encontrava um manancial de água salobra,
porém perfeitamente tolerável para se beber porque tem sede. Este
manancial nunca diminuiu o seu fluxo nem nunca secou durante nenhuma
seca. Isso faz com que a civilização que se estabeleceu ao seu redor
jamais se deslocasse banida pela seca. A população ia buscar água neste
grande manancial para aplacar a sede, para cozinhar, para asseio
corporal ou das residências ou utensílios, etc.
No
Riacho Salgado havia uma represa de cimento que formava um lago. Por
esta represa apanhava-se água e lançava-se sobre o corpo. Era proibido
tomar banho dentro dele. Havia dois banheiros, um para cada sexo, eles
não tinham teto, porém naquele tempo havia um conceito de honra e de
respeito para com a nudez alheia. Existiam na área abaixo da represa,
blocos de cimento sobre os quais as lavadeiras lavavam roupas tanto
suas, quanto de outras pessoas para ganhar uns trocados para o sustento
de suas famílias. Outras pessoas ganhavam dinheiro trabalhando como
aguadeiros, ou seja, vendedores de água do Salgado de porta em porta,
quando não carregavam as latas de água na cabeça, carregavam sobre os
lombos dos animais. Tudo isso, porque naquele tempo, por volta de 1903,
nenhuma casa possuía cisterna.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
FONSECA. Ivan Claret Marques. Introdução à História de Santo Estevão do Jacuípe. Gráfica Brasil, Minas Gerais, 1983.
“O
Riacho Salgado Está localizado Num terreno triangular com várias
nascentes de água salgada e uma nascente de água doce. As pessoas
utilizavam a água para fazer tudo; Beber, lavar roupas, cozinhar, dá de
beber os animais. Muitas mães de famílias, inclusive a minha sobrevivia
dos trocados que recebia para lavar roupas nas águas do cujo riacho.
Lembro que por volta de 1938 foi feito uma encanação e um cata-vento que
bombeava água até as casas de algumas famílias ricas da cidade (Dr.
João Borges Cerqueira, Senhor Moreno Prócoro Magalhães, Dr. Osvaldo
Cerqueira da Silva, João de Deus e Manoel Pires de Cerqueira.). No
governo de Durval Habib, em 1951, ele construiu dois banheiros, e um
lavatório de pedra para as donas de casa lavar suas roupas e poder lavar
roupas de outras casas para ganhar dinheiro."
“Sinto
muita falta daquele tempo, saudade do meu tempo de moleque. Toda manhã,
eu e meus oito irmãos íamos tomar banho no riacho, pegar caranguejinhos
e piabinhas vermelhas que a gente utilizava para nossa alimentação.
Nossa mãe cozinhava os peixinhos apenas com água e sal. Sinto também uma
grande tristeza quando chego ao Riacho Salgado e vejo que ele hoje não
passa de um brejo com minação, área deserta e sem utilidade nenhuma em
comparação com o início da história da cidade. “Tenho 85 anos, mas tenho
um sonho de poder ver esse Riacho recuperado, limpo antes de morrer,
pois ele é o maior patrimônio natural e histórico da cidade.
RELATO DE UMA MORADORA ANTIGA DO BECO DO SALGADO
FOTO:
Nome:Estevita Pereira da Silva
Ano do Nascimento:1948
Ano do Nascimento:1948
“O
Riacho Salgado era um minadouro, havia um tanque grande de cimento, um
lavatório de roupa e dois banheiros para o povo lavar roupa e tomar
banho, pois o riacho era tão bonito de se ver, várias plantas e animais
de todo tipo. As águas do riacho eram tidas como milagrosas, as pessoas
que tinha qualquer enfermidade acreditava que era só tomar banho nas
águas se curava. Sou moradora do Beco do Salgado desde que nasci, há 68
anos, nesse Beco foi construídas as primeiras casas da cidade. Fui
aguadeiro (vendedora de água do próprio Riacho de porta em porta) por
muitos anos, para tirar o sustento da minha família, cansava de carregar
latas de água pesada na cabeça para vender nas casas de pessoas que
tinham condições. Lavei muitas roupas pra famílias ricas nas águas do
riacho e tirei muitas lenhas nos matos ao redor do Riacho para vender
para algumas famílias.”
"Hoje
o Riacho está abandonado por todos, nem parece aquele lugar bonito onde
tudo começou. Eu acho que os governantes deveriam cuidar do Riacho
Salgado, limpando aquele mato que tomou conta das nascentes de água,
poderia fazer dali um lugar preservado para visitação, para as pessoas
lembrarem a história da cidade."
FALTAM AS FOTOS E AS LEGENDAS:
SOBRE SANTO ESTEVÃO:
Santo Estêvão é um município brasileiro do estado da Bahia. Localizada as margens da BR 116, na Microrregião de Feira de Santana. Tem como municípios vizinhos Ipecaetá, Rafael Jambeiro, Antônio Cardoso, Castro Alves e Cabaceiras do Paraguaçú.