quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O Riacho Salgado na Construção Histórica da Cidade de Santo Estêvão.

 

 


O Riacho Salgado foi muito importante para a construção histórica da cidade de Santo Estevão. “O riacho foi o berço da civilização do povo santo-estevense”.  Nele se encontrava um manancial de água salobra, porém perfeitamente tolerável para se beber porque tem sede. Este manancial nunca diminuiu o seu fluxo nem nunca secou durante nenhuma seca. Isso faz com que a civilização que se estabeleceu ao seu redor jamais se deslocasse banida pela seca. A população ia buscar água neste grande manancial para aplacar a sede, para cozinhar, para asseio corporal ou das residências ou utensílios, etc.
No Riacho Salgado havia uma represa de cimento que formava um lago. Por esta represa apanhava-se água e lançava-se sobre o corpo. Era proibido tomar banho dentro dele. Havia dois banheiros, um para cada sexo, eles não tinham teto, porém naquele tempo havia um conceito de honra e de respeito para com a nudez alheia. Existiam na área abaixo da represa, blocos de cimento sobre os quais as lavadeiras lavavam roupas tanto suas, quanto de outras pessoas para ganhar uns trocados para o sustento de suas famílias. Outras pessoas ganhavam dinheiro trabalhando como aguadeiros, ou seja, vendedores de água do Salgado de porta em porta, quando não carregavam as latas de água na cabeça, carregavam sobre os lombos dos animais. Tudo isso, porque naquele tempo, por volta de 1903, nenhuma casa possuía cisterna. 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
FONSECA. Ivan Claret Marques. Introdução à História de Santo Estevão do Jacuípe. Gráfica Brasil, Minas Gerais, 1983.

RELATO DE UM ANTIGO MORADOR DO RIACHO SALGADO:

FOTO:
Nome: Francisco Aragão Pinto.
Nascimento: 10 de Janeiro de 1926.


“O Riacho Salgado Está localizado Num terreno triangular com várias nascentes de água salgada e uma nascente de água doce. As pessoas utilizavam a água para fazer tudo; Beber, lavar roupas, cozinhar, dá de beber os animais. Muitas mães de famílias, inclusive a minha sobrevivia dos trocados que recebia para lavar roupas nas águas do cujo riacho. Lembro que por volta de 1938 foi feito uma encanação e um cata-vento que bombeava água até as casas de algumas famílias ricas da cidade (Dr. João Borges Cerqueira, Senhor Moreno Prócoro Magalhães, Dr. Osvaldo Cerqueira da Silva, João de Deus e Manoel Pires de Cerqueira.). No governo de Durval Habib, em 1951, ele construiu dois banheiros, e um lavatório de pedra para as donas de casa lavar suas roupas e poder lavar roupas de outras casas para ganhar dinheiro."
“Sinto muita falta daquele tempo, saudade do meu tempo de moleque. Toda manhã, eu e meus oito irmãos íamos tomar banho no riacho, pegar caranguejinhos e piabinhas vermelhas que a gente utilizava para nossa alimentação. Nossa mãe cozinhava os peixinhos apenas com água e sal. Sinto também uma grande tristeza quando chego ao Riacho Salgado e vejo que ele hoje não passa de um brejo com minação, área deserta e sem utilidade nenhuma em comparação com o início da história da cidade. “Tenho 85 anos, mas tenho um sonho de poder ver esse Riacho recuperado, limpo antes de morrer, pois ele é o maior patrimônio natural e histórico da cidade.
RELATO DE UMA MORADORA ANTIGA DO BECO DO SALGADO
 FOTO:
 Nome:Estevita Pereira da Silva
 Ano do Nascimento:1948
                                                                                     

“O Riacho Salgado era um minadouro, havia um tanque grande de cimento, um lavatório de roupa e dois banheiros para o povo lavar roupa e tomar banho, pois o riacho era tão bonito de se ver, várias plantas e animais de todo tipo. As águas do riacho eram tidas como milagrosas, as pessoas que tinha qualquer enfermidade acreditava que era só tomar banho nas águas se curava. Sou moradora do Beco do Salgado desde que nasci, há 68 anos, nesse Beco foi construídas as primeiras casas da cidade. Fui aguadeiro (vendedora de água do próprio Riacho de porta em porta) por muitos anos, para tirar o sustento da minha família, cansava de carregar latas de água pesada na cabeça para vender nas casas de pessoas que tinham condições. Lavei muitas roupas pra famílias ricas nas águas do riacho e tirei muitas lenhas nos matos ao redor do Riacho para vender para algumas famílias.”
"Hoje o Riacho está abandonado por todos, nem parece aquele lugar bonito onde tudo começou. Eu acho que os governantes deveriam cuidar do Riacho Salgado, limpando aquele mato que tomou conta das nascentes de água, poderia fazer dali um lugar preservado para  visitação, para as pessoas lembrarem a história da cidade."
FALTAM AS FOTOS  E AS LEGENDAS:

SOBRE SANTO ESTEVÃO:
Santo Estêvão é um município  brasileiro do estado da Bahia. Localizada as margens da BR 116, na Microrregião de Feira de Santana. Tem como municípios vizinhos Ipecaetá, Rafael Jambeiro, Antônio Cardoso, Castro Alves e Cabaceiras do Paraguaçú.