O
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, oficializou a anistia post
mortem de Carlos Marighella, guerrilheiro morto pelo regime militar
(1964-1985) em 1969. A declaração está na Portaria 2.780, publicada
nesta sexta-feira (9) no Diário Oficial da União. Marighella já havia
recebido o reconhecimento em dezembro passado, na 6ª Sessão de
Julgamento da Caravana da Anistia, realizada em Salvador. Marighella foi
militante do Partido Comunista Brasileiro e um dos principais
organizadores da luta armada contra o regime militar depois de 1964.
Nascido em Salvador, Marighella morreu assassinado em 1969 em São Paulo
por agentes da Delegacia de Ordem Política e Social (Dops). Antes da
anistia política, o Estado já havia reconhecido, em 1996, que fora
responsável pela sua morte. O guerrilheiro iniciou a militância aos 18
anos de idade, quando se filiou ao Partido Comunista Brasileiro. Preso
em 1936 durante a ditadura de Getulio Vargas, foi eleito deputado
federal constituinte em 1946 e, no ano seguinte, foi cassado. Quase 20
anos depois, foi preso novamente pelo Dops. Em 1968, fundou a Ação
Libertadora Nacional (ALN). Em 5 de dezembro passado, quando a Comissão
de Anistia se reuniu em Salvador, se completaram 100 anos do seu
nascimento. De acordo com informação prestada pelo Ministério da Justiça
em dezembro, a família de Marighella não solicitou reparação econômica,
apenas reconhecimento da perseguição ao militante. No total, foram
publicadas na edição desta sexta do Diário Oficial da União 34 portarias
tratando de declaração de anistia, ratificação de condição de anistiado
político e concessão de reparação indenizatória.