segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Pobreza diminui com aumento das mulheres no mercado de trabalho

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A inserção feminina no mercado de trabalho foi fundamental para a redução das desigualdades sociais e da pobreza no Brasil e na América Latina. Esta é uma das conclusões do estudo "The Effect of Women's Economic Power in Latin American and the Caribbean", lançado recentemente pelo Banco Mundial. 
Em entrevista exclusiva para o Jornal do Brasil, o economista-sênior da Unidade de Pobreza, Gênero e Equidade do banco, João Pedro Azevedo, mostra que a entrada e permanência cada vez maior das mulheres no mercado de trabalho têm gerado grandes benefícios sociais para os países em desenvolvimento. "Elas ainda tiveram uma contribuição fundamental durante a última crise, ajudando a 'blindar' as famílias mais vulneráveis com sua renda", afirma.
Segundo ele, avanços na equiparação de direitos têm sido feitos em todo o continente. O Brasil se destaca principalmente pelo "esforço" em promover legislações de proteção às mulheres mais pobres, como a Lei Maria da Penha e os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família. "Apesar do salário ser o mais importante, estes programas alcançam, de maneira eficiente, aquela camada da população muito pobre, em que a renda feminina é extremamente importante", analisa. 
João Pedro Azevedo: "renda das mulheres evita que famílias caiam em pobreza"
João Pedro Azevedo: "renda das mulheres evita que famílias caiam em pobreza"
Apesar dos avanços, Azevedo lembra que ainda há "um longo caminho a ser percorrido" e que os desafios são grandes. "Diferentemente da educação ou saúde, que são problemas pontuais, o combate a desigualdade de gêneros é multissetorial, pois atinge diversos segmentos da sociedade. O que torna o desafio ainda maior", constata. 
Na segunda reportagem da série do JB sobre a condição da mulher, Azevedo destrincha os resultados obtidos no Banco Mundial na luta pela igualdade de gêneros e alerta sobre a importância de investir em "uma agenda séria de ações para saber o que funciona e o que não funciona no país". Assim, segundo ele, as políticas implementadas conseguirão atingir seus objetivos mais diretamente. 
JB: Qual o tamanho e como se dá a contribuição da mulher na redução da pobreza e das desigualdades que observamos no Brasil e na América Latina nos últimos anos?
Azevedo: O que procuramos responder, neste estudo, foi exatamente isso e o que ficou bem claro para a gente é que as mulheres foram uma força muito importante neste movimento. Para citar números, no caso da redução da pobreza por exemplo, o estudo aponta que as mulheres foram responsáveis por 30% nesta queda. E ela é definida pelo aumento tanto na participação do mercado de trabalho como na sua remuneração, ou seja, o quanto ela leva de dinheiro para casa. 
Uma das características que notamos neste estudo foi a importância das mulheres nesta crise recente, de 2009. Vários países do continente registraram desaceleração e observamos que exatamente os domicílios onde, tanto o homem quanto as mulheres trabalhavam, ficaram mais protegidos, foram menos afetados pela crise, principalmente do ponto de vista de cair em pobreza, isso aconteceu menos nestes lares. E isso é muito importante, pois mostra que não só a renda delas contribuía na família, mas foi essencial para proteger a renda total dos domicílios. 
Agora, tem um ponto importante nesta questão da criação de oportunidades. A gente acredita que é importante criar as circunstâncias que permitam que as mulheres tenham uma boa inserção no mercado de trabalho, a qualidade da inserção da mulher. Porque aumentar a participação em momentos de crise significa que ela vai lá no mercado buscar oportunidades de supetão, porque precisa. É muito melhor quando ela procura o emprego devido às suas circunstâncias em termos de localidade, experiência, escolaridade. Então, é importante ter políticas que permitam que as mulheres utilizem de sua plena capacidade produtiv