quarta-feira, 11 de abril de 2012

Mudar de banco é bom para o cliente


Com a redução agressiva das taxas de juros de bancos públicos, como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, a portabilidade bancária se firma como uma opção para quem está em busca de dívidas mais baratas. A operação pode resultar numa redução das taxas de juros em até três vezes, segundo levantamento feito por A TARDE junto a instituições financeiras.
Instituída pelo Banco Central em 2006, a portabilidade bancária dá ao consumidor a possibilidade de migrar uma dívida de uma instituição financeira para outra e é considerada uma boa opção para quem está em busca de juros mais baixos.  A TARDE avaliou as taxas mínimas cobradas por quatro dos cinco principais bancos do País e encontrou diferenças de até cinco pontos percentuais. No cheque especial, por exemplo, a taxa de juros pode chegar a ser três vezes menor de um banco para outro.
Os especialistas avaliam o momento como bom para possíveis mudanças de dívidas de um banco para outro, já que há uma tendência de acirramento da concorrência entre as instituições financeiras. Contudo, a  recomendação é que qualquer operação seja realizada com cautela. O segredo é negociar com as instituições financeiras para chegar à melhor taxa, levando em conta também elementos como o prazo e o custo das prestações.
Negociação - De acordo com dados do Banco Central, o número de operações de portabilidade de crédito cresceu 55,96% em março deste ano em relação ao mês anterior. Contudo, ainda é incerto se esta tendência deverá se manter nos próximos meses.
Na avaliação do vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, ainda não é possível mensurar qual será o efeito da redução vertiginosa de juros da Caixa Econômica e do Banco do Brasil, que juntos dominam 32% do mercado financeiro do País.
“Com certeza é uma medida que vai estimular a competição. Acredito que os bancos privados devem reduzir suas taxas de juros”, argumenta Oliveira, lembrando que o cenário econômico hoje é muito mais favorável do que em 2009, quando o governo brasileiro também reduziu os juros dos bancos públicos para impulsionar o consumo.
Com o cenário ainda indefinido, a recomendação é sentar e negociar com o gerente dos bancos. “Se o cliente é bom pagador, o banco inevitavelmente vai tentar segurá-lo. O valor das taxas hoje está muito mais atrelado a este histórico e o potencial de risco do cliente”, avalia.
O consultor financeiro Humberto Veiga, doutor em economia pela Universidade de Brasília, diz que a principal vantagem da portabilidade é a isenção da cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). “Mas para isso é preciso que a dívida tenha o mesmo valor, prazo e vencimento”, explica o consultor, alertando que a mudança do banco não deve ser motivo para o consumidor cair em tentação e pegar um empréstimo maior que o saldo devedor.
Veiga explica que o consumidor também deve considerar a migração de dívidas por outros meios para além da portabilidade. Uma opção é pegar um empréstimo em condições mais baratas para quitar dívidas mais caras, como a do cheque especial e do rotativo do cartão de crédito. “Neste caso, a mudança sempre vai valer a pena”, conta.